Quando assistimos a um filme, é fácil se conectar com os personagens. Mas já parou para pensar em como eles são construídos? Cada personagem possui camadas — entre elas, o consciente e o inconsciente — que ajudam a explicar suas ações e motivações.
Consciente: o que o personagem sabe
O consciente representa a parte da mente onde nascem pensamentos, sentimentos e decisões das quais o personagem tem plena consciência. É nesse nível que ele processa informações de forma lógica e toma decisões racionais.
Por exemplo, no filme Cidade de Deus, há uma cena marcante em que Buscapé escolhe seguir a carreira de fotógrafo. Ele observa a realidade ao seu redor, reconhece os perigos do ambiente e decide, conscientemente, se afastar do crime. Essa escolha reflete uma análise racional do contexto em que vive.
Inconsciente: o que o personagem não sabe
Por outro lado, o inconsciente abriga aspectos que o personagem desconhece, mas que ainda assim influenciam fortemente suas atitudes. Aqui entram sentimentos reprimidos, memórias esquecidas e desejos ocultos.
Um bom exemplo disso aparece em Central do Brasil. Dora, a princípio, quer abandonar Josué, o menino que a acompanha. No entanto, com o tempo, ela se apega a ele sem perceber. Apesar de sua decisão consciente de ajudá-lo, suas ações revelam motivações inconscientes — como culpa e um desejo de redenção por enganar tantas pessoas no passado. Esses sentimentos ocultos moldam sua jornada com Josué de maneira profunda.
Importância na narrativa
Entender o consciente e o inconsciente de um personagem é como desvendar suas camadas mais profundas, revelando não apenas o que ele mostra ao mundo, mas também o que ele esconde de si mesmo. Essa compreensão é importante para criar personagens mais ricos e realistas, permitindo que o público se identifique com suas conflitos internos e desafios pessoais. Ao revelar as motivações ocultas e os desejos reprimidos, a narrativa se torna mais atraente, capturando a complexidade da experiência humana e tornando a história mais interessante.